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Vacina contra a Covid para crianças: entenda como os laboratórios testam a imunização nos pequenos

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Crianças observam enquanto mulher é vacinada contra a Covid-19 em Santiago do Chile, em foto de 17 de março de 2021 — Foto: Ivan Alvarado/Reuters/Arquivo

De todas as vacinas disponíveis atualmente para evitar a infecção pelo coronavírusnenhuma foi recomendada e aprovada por órgãos internacionais para ser aplicada em crianças e adolescentes, pois ainda não há estudos suficientes sobre seu uso neste grupo. A única vacina que, hoje, pode ser aplicada em adolescentes a partir dos 16 anos é a da Pfizer/BioNTech.

Os estudos em menores de idade foram deixados, inicialmente, em segundo plano pelas farmacêuticas e universidades porque, primeiro, foi avaliada a segurança das vacinas nos adultos. Além disso, os mais jovens são o grupo que tem o menor risco de morrer por conta de complicações da Covid-19.

À medida que a cobertura vacinal for sendo ampliada, entretanto, a vacinação das crianças e adolescentes ganhará mais importância, avalia a pediatra Débora Miranda, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Isso porque, com a imunização de outras faixas etárias, elas passarão a ser o grupo mais exposto ao vírus.

Além disso, diz a pesquisadora, vacinar os mais novos será importante para garantir uma cobertura populacional maior.

Ao menos 4 laboratórios já começaram a testar suas vacinas em crianças e adolescentes mais jovens. Caso os estudos provem segurança e eficácia, isso pode garantir a ampliação da proteção também para este grupo.

Sinovac Biotech

A farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, que desenvolve a CoronaVac em parceria com o Instituto Butantan (SP) afirmou que a vacina se mostrou segura e produziu anticorpos em crianças. Os resultados são de estudos preliminares e não foram publicados em nenhuma revista científica.

Segundo um comunicado da farmacêutica:

  • Os dados preliminares são de testes clínicos feitos em mais de 500 crianças e adolescentes com 3 a 17 anos.
  • Todos receberam receberam duas aplicações, ou com uma combinação de dosagens maiores ou menores da vacina, ou com um placebo – substância inativa.
  • A maioria das reações adversas foi branda, e duas crianças que receberam a dose menor tiveram febre alta.
  • Os níveis de anticorpos desencadeados pela vacina CoronaVac em crianças foram maiores do que aqueles vistos em adultos de 18 a 59 anos e em pessoas idosas.

Pfizer/BioNTech

A vacina da Pfizer/BioNTech é a única autorizada por agências reguladoras dos Estados Unidos e Europa para menores de idade: pode ser aplicada a partir dos 16 anos. Esse é o grupo mais jovem que pode ser vacinado atualmente.

As empresas começaram a testar, este mês, sua vacina contra Covid-19 em crianças menores de 12 anosA expectativa é de que este grupo possa ser vacinado em 2022.

  • É a única vacina aprovada pelos EUA e Europa para ser aplicada em adolescentes de 16 anos ou mais.
  • São 144 participantes e os mais jovens são crianças de seis meses.
  • São avaliadas três combinações de dosagem diferentes: com 10, 20 e 30 microgramas.
  • Em um segundo momento, o estudo deve ser ampliado a 4,5 mil voluntários para avaliar a segurança e a qualidade da produção de anticorpos nos mais jovens.

Moderna

A farmacêutica americana Moderna começou em março os testes clínicos de sua vacina contra a Covid-19 em crianças. Os ensaios acontecem nos EUA e Canadá com mais de 6,7 mil crianças com idades entre os seis meses e 12 anos.

  • A segurança e a capacidade de gerar anticorpos é um dos principais objetivos deste estudo.
  • Cada participante receberá 2 doses, dadas com 28 dias de diferença.
  • Participantes de 2 a 11 anos poderão receber uma combinação de dosagens de 50 ou 100 microgramas da vacina.
  • Crianças de 6 meses de idade até 2 anos incompletos receberão 25, 50, ou 100 microgramas – e não haverá grupo controle com placebo, todas as crianças serão vacinadas de alguma forma.
  • Apenas na Fase 2 é que os pesquisadores usarão a combinação de dosagens mais eficaz da Fase 1 em dois grupos: os vacinados e o grupo controle.

Previsões

Das 6 vacinas negociadas pelo governo brasileiro para o programa de imunização contra a Covid-19, ao menos 3 delas já realizam testes também em crianças e adolescentes – e outras duas disseram que começarão em breve.

Questionado pelo G1, o Ministério da Saúde disse em um comunicado que acompanha e financia estudos para analisar a efetividade e segurança das vacinas contra a Covid-19 para menores de 18 anos, mas que é preciso aguardar antes de se avaliar sua aplicação nesta população.

“Somente após a conclusão dos estudos em andamento e a avaliação dos resultados, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) poderá avaliar e definir, junto à Câmara Técnica e demais envolvidos, a inclusão deste grupo no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19”, diz a nota.

Vacinas negociadas no Brasil:

  • Oxford/AstraZeneca
  • CoronaVac (Sinovac)
  • Pfizer/BioNTech
  • Sputnik V
  • Janssen
  • Covaxin (Bharat Biotech)

Apenas a vacina desenvolvida pela indiana Bharat Biotech, que produz a Covaxin, ainda não se pronunciou sobre estudos em crianças. A vacina já está em uso na Índia, mas os testes de fase 3 ainda estão em andamento. Nenhum resultado com a eficácia geral da vacina foi divulgado.

Fora do país, a vacinação das crianças e adolescentes nos Estados Unidos, por exemplo, deve começar entre o fim deste ano e o primeiro trimestre de 2022, disse o diretor médico da Casa Branca, Anthony Fauci, em entrevista à rede de televisão americana CNBC há cerca de duas semanas.

A previsão é de que os adolescentes sejam vacinados ainda neste ano, no segundo semestre, depois do verão americano. Já os que têm 12 anos ou menos devem receber a vacina só no ano que vem.

É urgente vacinar as crianças?

Para Débora Miranda, pediatra da UFMG, a prioridade continua sendo vacinar os grupos de risco, como idosos e pessoas com comorbidades.

“Na verdade, a prioridade continua sendo a população que, desde o início, tem um risco maior. E, mesmo nas crianças, [a proridade são] as crianças com comorbidade. Elas são as nossas prioridades. Criança que tem comorbidade tem uma chance maior de ter quadros graves”, lembra.

“Nós não estamos num momento em que está tão crítico para a população infantil que precise justificar uma urgência, uma emergência, pular as etapas [de testes das vacinas]. Não é esse momento”, avalia Miranda.

A professora lembra que nem no Brasil, nem no mundo há vacinas suficientes para todos os idosos, por exemplo. “Então, talvez, distribuir para todos os idosos do mundo inteiro seja mais prioritário do que dar para as crianças, se você for pensar na gravidade delas”.

G1

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