Cultura

Personalidade anônima: Kiko, o zelador que fez história na Educação de Osvaldo Cruz

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Nesta última sexta-feira, 6 de junho, Osvaldo Cruz comemorou 84 anos de emancipação política. Mais do que uma data festiva, é momento de reconhecer quem ajudou a construir essa história. Entre tantas pessoas importantes, algumas permanecem no anonimato, mas deixam marcas profundas na comunidade. É o caso de Francisco Ponciano, de 67 anos, carinhosamente conhecido como Kiko.

Funcionário dedicado da Escola Municipal Getúlio Vargas, onde atua há 35 anos como selador, Kiko é muito mais do que um cuidador do espaço físico: é um verdadeiro guardião da infância, da educação e da esperança de centenas de alunos que cruzaram e ainda cruzam os portões da escola.

Em entrevista ao Jornal Cidade Aberta, Kiko relembrou momentos marcantes de sua trajetória. Um deles foi quando uma família decidiu retirar o filho da escola por falta de condições até mesmo para alimentar a criança. Sensível à situação, Kiko assumiu a responsabilidade de garantir as refeições do menino, todos os dias, inclusive aos domingos. “Era como um filho para mim. Eu não podia deixar que ele ficasse sem estudar.”

Outro episódio marcante foi a perda de um aluno. A dor foi profunda. “Senti como se tivesse perdido meu próprio filho”, contou.

Apesar das dores, os frutos colhidos ao longo da jornada são muitos. Kiko se emociona ao ver ex-alunos hoje formados, trabalhando, sustentando suas famílias com dignidade. Muitos deles, segundo ele, eram considerados casos perdidos. “Eu nunca desisti de ninguém. Dei conselhos, estendi a mão, e hoje vejo que valeu a pena.”

Mesmo com tantos momentos de alegria, Kiko enfrenta hoje uma batalha silenciosa contra a depressão. O que o fortalece são os gestos de carinho e apoio dos alunos atuais, colegas de escola e sua família, que não o deixam sozinho nessa caminhada. “Eles são meu combustível diário. Quando penso em parar, lembro dos olhares das crianças e encontro forças para continuar.”

No aniversário da cidade que o viu nascer e crescer, Kiko faz questão de expressar sua gratidão:
“Nasci aqui, criei meus filhos aqui. Tive oportunidades de ir embora, viver com meus irmãos em outras cidades, mas jamais deixarei minha Osvaldo Cruz. É aqui que está meu coração.”

Histórias como a de Kiko mostram que nem todo herói usa capa alguns usam vassoura, chave e sorriso no rosto. E fazem, todos os dias, a diferença na vida de uma cidade inteira.

 

 

Cristiano Nascimento

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