O meio da balança

Não é novidade para ninguém que apenas uma infinitesimal parcela da humanidade nasce gênio, bem como ínfima também é a quantidade de pessoas nascidas em “berço de ouro”.

Como escreveu muitíssimo bem Carlos Drumond de Andrade, ainda que em outras circunstâncias, “O mundo não é o que pensamos”.

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Adquirir algo, seja coisa, conhecimento ou sentimento, implica necessariamente abrir mão de outro. Explico; ou ao menos tento.

Quando a ilustre leitora compra, por exemplo, dois cobertores para doar a quem não tem, deixa de adquirir para si, sei lá, um par de rasteirinhas, porquanto o dinheiro, ao menos para a maioria dos que leem estas mal traçadas linhas, é finito.

Se o assunto for aquisição de conhecimento então, a coisa é ainda pior, porque enquanto o dinheiro é finito só para alguns, o tempo o é para todos.

Vamos exemplificar novamente: o obstinado leitor quer aprender mandarim, mas a concretização desse desejo demanda estudo árduo e, portanto, muito tempo, tempo este que, talvez, pudesse ser melhor utilizado na procura da cura do câncer.

E que tal se o terceiro e último leitor dessa coluna decidir que não dá para depender da aposentadoria do INSS para sobreviver? Então vai trabalhar mais para ter renda maior e pagar um plano de previdência privada que garanta, minimamente, sua velhice. Só que trabalhar mais significa deixar de lado muitos churrascos com os amigos, passeios na orla com a família, engavetar os planos de voar …

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Escolher qual caminho então? Passar o fim de semana brincando com os filhos ou dobrar a carga de trabalho para dar a eles mais conforto? Cursinho intensivo para passar no concurso ou voluntário na instituição de caridade? Qual porta abrir?

O equilíbrio costuma ser a melhor medida, mas como na vida não há certezas, a não ser a da morte, então bom senso não é garantia de nada.

Alemão Tedesco (55) é advogado e pai do Luigi.
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José Carlos Botelho Tedesco (Alemão Tedesco) é advogado e mora no Oeste Paulista /
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