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Língua de Trapo 003/2021

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Volta às aulas presenciais: agora não! – O Governo Estadual está realizando uma pesquisa com pais de alunos para saber dos mesmos se são favoráveis a volta às aulas presenciais ou não. As opiniões se dividem, haja vista que muitos pais acreditam que o ensino à distância não tem contribuído significativamente para o aprendizado de seus filhos. Da mesma forma, há também aqueles pais que querem apenas “desafogar” e mandar seus filhos para a escola cuidar independente de qualquer pandemia. Por fim, há aqueles que acreditam que o retorno não deve ocorrer por ora, uma vez que a vacinação ainda não chegou aos alunos e professores. Fazendo uma análise geral, é interessante ver que 90% (ou mais) dos médicos, manifestaram-se a favor da vacina (ou seja, quem está diretamente ligado à Saúde, entende pela necessidade da vacina e defende a ideia). De modo semelhante, 90% (ou mais) dos professores, manifestaram-se contra a volta às aulas presenciais antes da vacina (ou seja, quem está diretamente ligado à Educação, entende pela necessidade de que a vacinação ocorra antes do retorno às aulas presenciais). Oras, se o Governo Estadual consegue dar ouvidos aos profissionais da Saúde, por que cargas d’água o mesmo não consegue dar ouvidos aos profissionais da Educação?

 

Dois pesos, duas medidas – Curioso: já que para voltar às aulas presenciais o Governo Estadual quer dar ouvidos aos pais dos alunos e não aos professores, por que então para a reabertura do comércio na fase vermelha do Plano São Paulo o Governo também não faz uma pesquisa dando ouvidos aos representantes comerciais das atividades consideradas não essenciais?

 

Exemplo campinense a não ser seguido – A rádio Metrópole FM realizou nesta semana uma reportagem especial ouvindo favoráveis e contrários ao retorno das aulas presenciais. De um lado, de acordo com a reportagem, um grupo de mães de alunos de escolas particulares tem liderado um movimento com coleta de assinaturas e envio de documento para o Ministério Público, pedindo a volta às aulas presenciais. De outro, a mesma reportagem dá voz a uma professora da Rede Pública Municipal de Ensino que faz o alerta ao risco dos quais essas crianças e os funcionários das escolas estarão expostos. Em Campinas, uma escola particular retomou as aulas presenciais no dia 25 de janeiro. No dia 29, 20 funcionários da escola testaram positivo para a doença. No dia 1º de fevereiro o número de casos subiu para 34 e a escola suspendeu as aulas presenciais (confira a reportagem na íntegra publicado pelo portal campinense https://www.acidadeon.com/campinas/cotidiano/coronavirus/NOT,0,0,1578731,apos+surto+de+covid+19+escola+particular+no+taquaral+suspende+aulas+presenciais.aspx). Quem garante que, com o retorno das aulas presenciais, algo semelhante não ocorra em Osvaldo Cruz?

 

Vacinação primeiro, retorno das aulas presenciais depois – Ao contrário de muitas línguas maldosas, professores não são vagabundos e se desdobraram e se reinventaram como loucos em 2020 em prol da educação. Os professores anseiam sim pelo retorno presencial o quanto antes, desde que haja no mínimo a segurança de saber que todos os que estão na escola já estão vacinados. É engraçado que, para um aluno se matricular nas redes Pública ou Particular de Ensino, o mesmo tem que entregar uma declaração do Posto de Saúde de que está com sua vacinação em dia. Agora, em que o mundo vivencia uma pandemia que já matou mais de 2 milhões de pessoas, há aqueles que não enxergam a necessidade dos alunos estarem vacinados contra a Covid-19 antes do retorno presencial. Diferente do ano passado, quando a pandemia fechou as portas das escolas e não havia sequer uma previsão para produção da vacina, agora já têm vacinas. Quem esperou até agora, o que custa esperar mais um pouco? De acordo com o Plano de Vacinação do próprio Governo, está previsto que até o final de julho a vacina já tenha chegado para todas as faixas etárias. Vale a pena arriscar a volta às aulas presenciais agora?

 

Para Doria, família é responsável se criança pegar Covid-19 na volta às aulas – Preparando a volta às aulas, o governo de João Doria Júnior (PSDB) emitiu termos de responsabilidade às famílias de estudantes da Rede Estadual de Ensino em que se exime totalmente de responsabilidade caso crianças e adolescentes sejam contaminados pela Covid-19 nas escolas. O documento coloca entre as condições para retorno do aluno às aulas presenciais que, “em caso de contaminação com a Covid-19, me responsabilizarei inteiramente com os cuidados necessários, uma vez que o vírus circula em todos os locais e não somente na escola”.

 

P.S. – Em março de 2020, o Governo Estadual, em uma medida de prevenção ao novo coronavírus, determinou a suspensão das aulas presenciais. Poucos dias depois, Osvaldo Cruz registrou a primeira suspeita de caso de Covid-19 em 1º de abril. Em maio, a cidade registrou o primeiro óbito. Hoje, 4 de fevereiro de 2021, a cidade contabiliza 22 mortes oriundas da doença, 722 casos positivos (sendo que 673 já estão curados) e outros 106 casos de suspeitas. Ou seja, em 2020, quando a situação estava mais tranquila no interior do estado, não houve mãe nenhuma fazendo movimento em prol da volta às aulas. Já neste ano, onde a pandemia chegou com força na região de Marília (que compreende Osvaldo Cruz), deixando o município atualmente na fase vermelha do Plano São Paulo pela terceira semana seguida (fase essa que é a mais crítica do plano de prevenção à pandemia), algumas mães, usando de seus respectivos direitos de manifestação, decidiram encabeçar movimentos favoráveis ao retorno presencial das aulas. Retornar neste momento é, no mínimo, incoerente a tudo o que se fez até agora para prevenir a doença. Inté…

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